A negativa do Google sobre um suposto “megavazamento” de senhas do Gmail movimentou o noticiário internacional e reacendeu o debate sobre segurança digital. Após publicações em redes sociais e portais mencionarem a exposição de mais de 180 milhões de credenciais, a empresa classificou a informação como “completamente imprecisa e incorreta”, reforçando que não houve ataque aos servidores nem violação de dados dos usuários.

Segundo o Google, o caso teve origem em uma interpretação equivocada de um relatório técnico do pesquisador Troy Hunt, criador do site Have I Been Pwned, que identificou um banco de dados com senhas roubadas por programas maliciosos, e não diretamente das plataformas de e-mail. As credenciais teriam sido obtidas por meio de infostealers — malwares que infectam computadores pessoais e capturam senhas armazenadas localmente.

A informação foi repercutida no Brasil pelo ClickRBS, que destacou o posicionamento oficial do Google e esclareceu que não houve invasão aos sistemas da empresa. O portal também explicou que a origem dos dados está relacionada à ação de programas que atuam nos dispositivos das próprias vítimas.

Para o advogado Trajano Neto, sócio do TNP Advogados, a repercussão do caso mostra como a falta de clareza sobre o que realmente ocorreu pode gerar pânico e expor os usuários a novos riscos.

“É fundamental compreender que o Google negou de forma clara qualquer violação em seus sistemas. O que se verificou foi a ação de malwares instalados nos próprios dispositivos, que coletam dados sem que o usuário perceba”, explica o advogado.

Segundo Trajano Neto, o episódio tem impacto direto na forma como as pessoas encaram a segurança digital. “Ainda há uma cultura muito reativa: só se pensa em proteção depois que o problema ganha destaque. O ideal é agir de maneira preventiva, com medidas básicas como autenticação em dois fatores, senhas fortes e atualização constante dos sistemas”, afirma.

O advogado também alerta para a importância de buscar fontes seguras e oficiais diante de rumores sobre vazamentos. “Momentos como esse são propícios para golpes e desinformação. Criminosos costumam criar sites falsos que prometem checar se o e-mail foi vazado, mas que acabam coletando novos dados. O cuidado deve ser redobrado”, ressalta o sócio do TNP Advogados.

Para ele, o episódio evidencia um ponto-chave: segurança digital não é apenas um tema técnico, mas também jurídico e comportamental. “A proteção de dados envolve responsabilidade individual e coletiva. Saber como agir diante de um possível incidente é tão importante quanto entender a origem dele”, conclui Trajano Neto.