O ano de 2023 foi marcado por um elevadíssimo número de pedidos de recuperação judicial no Brasil. Segundo o Serasa Experian, de janeiro a dezembro, 1.405 empresas bateram à porta do Judiciário para tentar renegociar suas dívidas, quase alcançando marcas de anos de grave crise econômica, a exemplo de 2020.

Dentre os cerca de 4.000 processos de recuperação judicial ativos na Justiça brasileira, 2023 viu somar à estatística célebres casos de grandes empresas como Oi (pela segunda vez), Grupo Petrópolis, Light, 123Milhas e Americanas, arrastando em efeito cascata um massivo número de micro e pequenas empresas, que representam a maior parte do “bolo” de devedoras.

A conjuntura econômica do país a partir da pandemia ajuda a explicar o fenômeno. Além do elevado nível de inadimplência dos clientes, causado pela crise econômica iniciada em 2020, a ampla oferta de crédito no mercado foi seguida de uma rápida e expressiva elevação da taxa de juros, dificultando que posteriormente os empresários honrassem o pagamento de suas dívidas.

A conta da crise pandêmico-econômica ainda está chegando para todos os segmentos e ramos de atividades e, embora alguns sinais positivos já tenham surgido, como a queda da inflação e da taxa de juros, o soerguimento de empresas que passam por dificuldades ou já estão em recuperação é mais lento e depende da definitiva estabilização da economia em sentido crescente.